sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Me dê uma cachaça

Todo mundo que me conhece, mesmo que pouco, sabe que eu sinto muito frio e que o danado do frio é uma coisa que me incomoda muito. E por causa disso eu nunca consegui aproveitar nem achar bom os poucos invernos que vivi na minha vida.


Continuo achando que eu fui feita pro quentinho (bem quentinho!), mas não tem como negar que viver - por um determinado tempo – num lugar que tenha as quatro estações do ano é algo que faz os olhinhos brilharem!


Quando acordamos ontem estava nevando, e a neve caiu o dia inteiro. Eu até esqueci da temperatura negativa vendo a cidade toda branquinha (e também tentando me concentrar pra não escorregar da bicicleta e pra enxergar já que a neve teima em cair mesmo no meu olho). É lindo! (e continua lindo aqui do lado de fora da nossa janela, vê a foto!).


Aí me toco que mesmo odiando o frio, ter vivido mais um lindo e colorido outono, estar vivendo um inverno com neve – coisa rara aqui nas terras baixas – está sendo algo massa, e eu quero mais é sair na rua pra fazer bolinha de neve e jogar no esposinho, e voltar logo pra casa pra tomar um chá quentinho e me jogar debaixo de um milhão de colchas.


E até entendo um pouco porque Tina, uma alemã que fez mestrado comigo, estranhava e sentia falta das estações durante o tempo que morou em João Pessoa. E conversando com um outro amigo alemão que trabalha aqui comigo, a gente concluiu que quando o verão chega, eles (eu, nós, aqueles que moram nas bandas mutantes de cá) valorizamos muito mais o calor, e o verão se torna algo especial. A gente passa o ano inteiro esperando por ele.


Enquanto o povo de João Pessoa (né Lala?) fica reclamando a vida inteira do calor. E pensar que é esse calor que o povo daqui passa o ano esperando...

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Nem chorando nem sorrindo

Em um dos almoços com o povo da universidade, um dos amigos brasileiros comentou que tem muito brasileiro morando fora do Brasil, e quando alguém perguntou 'por que?', por surpresa minha, ele não sabia ou não tinha nenhuma opinião sobre isso. E eu fiquei encucada pensando por que será que os brasileiros não sabem ou simplesmente não se perguntam por que danado tem tanto brasileiro pelo mundo? Por que eles não se perguntam das coisas que acontecem em seu próprio país? Mesmo aqueles que estão fora?
Eu, depois de três e meio países morados, alguns mais visitados e algum tempo gastado, tenho algumas opiniões sobre isso.


A primeira razão, e mais irritante de todas, é que desde sempre foi cultivado no Brasil que tudo que vem de fora é muito melhor, principalmente tudo que vem dos EUA e da Europa. Como qualquer pessoa noraml pensa 'eu quero o melhor pra mim', não é difícil daí chegar a 'vou juntar um dinheirinho e ir mimbora pros estrangêro, ganhar a vida!'. E quando chega nos estrangêro, fica sim deslumbrado, achando tudo lindo. Até eu fiquei! Disse que se pudesse não voltaria mais pro Brasil. Claro que, depois do meu primeiro inverno e entender (ou tentar entender sem sucesso) como a vida funciona do outro lado do oceano, eu mudei de opinião.


Em segundo lugar, os salários padrão no Brasil, pra grandíssima maioria, não dão o mesmo poder aquisitivo do que o salário equivalente nos países mais ricos. Então as pessoas, mesmo as mais estudadas e diplomadas, independente do trabalho que arrumem, conseguem pagar o aluguel, fazer a feira, pagar o ônibus e, economizando, pagar a cerveja do fim de semana e uma viagem uma vez perdida. Pior são aqueles que pensam 'vou ganhar 1000€! carai! 3.000 reais! bom demais!'. Eles não pensam que, pagando as contas em euro, a vida fica bem apertada.


Claro que tem outros porquês, como fazer um doutorado numa área que não é tão desenvolvida no Brasil, ou simplesmente passar um tempo morando fora pra aprender um monte de coisas – algo muito bom pra qualquer um. Isso não é um problema (eu sou a última que teria direito de achar isso um problema :P), o que me irrita é o fato que a maioria dos brasileiro não critica nem pensa sobre seu próprio país e sobre o que procuram no lado de cá do oceano.


E no fim das contas, é uma burrice tão grande comparar qualquer país Europeu ou Norte Americano com o Brasil. São vidas completamente diferentes: clima, comida, gente, língua, cultura... O importante é que cada um possa descobrir seu lugar, mesmo sem nunca ter saído do Brasil, seja em Areial (Paraíba), em Amiens (França) ou em Zundert (Holanda), mas é extremamente necessário aprender a se perguntar e criticar o que ver, do Brasil e de fora, e não apenas aceitar que aqui fora é melhor, porque não é. É diferente, é interessante, é especial... mas nunca é perfeito, nem aqui nem lá.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Salvem o orkut!

Nos últimos meses várias pessoas aderiram ao facebook, o que me deixa com medo da possibilidade de esquecimento, ou até mesmo de extinção, do orkut. Eu, particularmente, faço parte das duas 'comunidades' mas confeso não gostar do facebook. Continuo lá só pra manter contato com meus amigos não-brasileiros. Do orkut sim, eu gosto! E passo horas 'passeando' por ele. Me sinto como aquele povo que faz people watching, ou simplesmente como colocar uma cadeira na calçada às 4 da tarde pra assistir o povo passando, e assumo que é divertidíssimo.

Esse hábito tem sua parte prática: em 5 minutos eu dou um 'rolé' pelos amigos mais próximos só pra saber se está tudo bem - não vou entrar nos detalhes do que é que pode significar a mudança ou não mudança frequente do perfil. É eficiente! Normalmente, depois da visita aos amigos mais próximos, vem a melhor parte: visita aos amigos menos próximos, aos que eu não vejo há anos, aos novos namorado(a)s das amiga(o)s, aqueles que eu não quero tanto bem (doida pra saber se continuam bem longe de mim) e a quem mais parecer interessante na página de recados alheia.

É claro que o primeiro ponto de interesse são os albuns de fotos. E que alegria é encontrar albuns desprotegidos, abertos às visitas. Ultimamente, não sei se por causa da minha idade ou perseguição da minha pesquisa, as fotos se concentram em passos importantes do 'ciclo de vida' das pessoas: casamentos, gravidez e filhos. Esses fatos em si não são tão interessantes quanto as fotos do orkut.

As fotos (clássicas) de casamento e o quão brega esse evento pode ser não é nada novo, mas a novidade (que talvez por minha ignorância não seja tão novo assim) são as fotos de grávidas e dos bebês que, coitados, passam por ridículo sem terem escolha - para a minha diversão.

Grávidas com buchos enormes, beirando o gogó, completamente inchadas (e há quem diga que mulher grávida é bonito), quanto mais inchadas mais forte é o 'rouge' da maquiagem. Sim, existe toda uma produção para o mesmo princípio das festas de casamento: todas iguais
. Pra minha tristeza, pois adoraria ver mais dessa amostragem cafuçú nos meus passeios orkutianos. Exemplos de poses são: segurando um sapato de bebê que pousa sobre o bucho onde o nome da criança está escrito, o pai de joelhos beijando 'a criança' (o bucho mesmo), um laço em volta do bucho e a mãe puxando a pontinha, segurando uma flor enquanto olha pro bucho (sim, tudo em volta do bucho), entre outras poucas, já que a variedade é pequena. As roupas também são coisas pra cinema durante uma festa de são joão em areial: tem uma branca transparente parecida com um véu, tem um top preto com mangas longas e gola rolê e, o melhor de todos, colocar um buá ao redor do busto, a melhor referência ao cafuçú que já existiu em estúdios fotográficos.

Não basta a própria mãe passar por isso, os bebês estão tendo a mesma experiência, sendo que pior: a cada mês de vida! As poses também são as mesmas sendo que dessa vez numa referência cafuçú à Anne Guedes. Mas os melhores de todos os albuns, são aqueles das grávidas que tiram fotos em casa imitando as poses e as roupas como se estivessem em um estúdio, é muito bom! Eu imagino que na sala de casa estava rolando um Roberto Carlos, perfeito!

Por isso mesmo lanço a campanha: mais acessibilidade no orkut. Deixem seus orkuts acessíveis em prol da diversão da comunidade orkutiana! E atualizem seus perfis, frases do dia, fotos, vídeos, whatever. Quem sabe assim o google pare de tentar copiar o facebook e aceite o orkut, cafuçú como ele é. É assim que, pelo menos eu, gosto dele.

decidi escrever um blog

me: quiu
vou escrever um blog
naza: eita!
:)
é um blog do que?
crochê? pesquisa? clima?
me: de coisas surreais que o esposinho me inventa
naza: :)

sem regras, vamos ver onde isso vai dar.
=)