sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Já já vai estar assim!

Depois de muita conversa, decisões (ou indecisões) e medidas pra lá e pra cá, aqui está a proposta de lay-out do nosso novo apartamento:

clica que aumenta


Aguardem pra ver as fotos! Já com paredes pintadinhas e quadros por todos os lados.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Prins Hendrikstraat, 11

Quando eu comecei a escrever sobre o apartamento em Eindhoven, eu pensava que ia render muitos posts, que eu ia ter muito mais opções, e que a dúvida ia ser muito mais complicada.

Percebi que, ou é a época que estamos procurando, ou achar apartamento em Eindhoven é tão difícil quanto o povo pinta por aqui em Eindhoven.

Isso tudo pra dizer que no fim das contas, a opção que me agradou desde sempre (Naza não gostou tanto no início mas se acostumou com a idéia), foi esse apto na Prins Hendrikstraat.

Fui lá uma segunda vez com Carol e Gustavo, dois amigos brasileiros, e apesar de ser fácil apontar alguns defeitos, a conclusão geral é que essa é a melhor opção que eu tenho. E de troco ainda é a mais barata.

A sensação que eu tive nessa segunda visita foi melhor que a primeira. Eu até achei a cozinha e o banheiro maiores e melhores. O apto é um pouco escuro, mas não tem como não ser sendo no térreo de uma rua estreitinha.

Carol tirou umas fotos lindas pra vocês terem uma melhor noção do apto:

a parte feia da cozinha

saída pro quintal pela cozinha

cozinha

o quintal visto da cozinha

o banheiro miudinho

a sala de leitura

o hall de entrada, cozinha ao fundo

aqui vai ser o quarto

futuro quarto

sala de jantar, com acesso pro quintal

sala de estar

E aqui eu deixo de sofrer com essa decisão. O pensamento agora vai pro projeto de ambientação do apto - que eu adoro fazer quando é pra mim. Vai ficar bem bonitinha a nova casinha.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Prins Hendrikstraat, 11

Quando é que a gente sabe que viu opções suficientes pra decidir pelo apartamento?
Solução perfeita eu sei que não vai existir, mas quando é que dá pra ter certeza que esse ou aquele está bom o suficiente?

Pois bem, depois de visitar mais quatro apartamentos hoje, e descartar 3 deles - sim, só um está contando na decisão - estamos bem inclinados a decidir por um que tem várias coisas super legais e outras bem menos legais.


Lembra daquele lugar perfeito onde a gente queria morar? Pois não é que o apto que visitamos hoje é bem no meinho da tão desejada área! E não apenas isso, o apartamento é espaçoso o suficiente, tem um quintalzinho gostoso e ainda de brinde um depósito (que dá pra guardar as 4 bicicletas da gente e as trezentas malas que temos). Fica no térreo de uma rua calma, que passa pouco carro e entre duas ruas charmosíssimas.

é esse primeiro da esquerda em baixo, as duas primeiras janelas, a entrada é logo após


sala (ou quarto) do apartamento, as janelas dão pra rua


quarto (ou sala) do apartamento, as janelas dão pro quintal/jardim

Falando assim parece perfeito, mas não é. A cozinha, apesar de espaçosa, não tem forno, nem máquina de lavar louças, tem uma parte super esquisita (feia mesmo) e ainda é nela que fica o espaço pra máquina de lavar roupas, o que não é o fim do mundo mas não é tão agradável assim. E o pior do apto é o banheiro: minúsculo, com cortina na área do box (tenho nojo daquele plástico pregando em você...) e uns azulejos horrorosos. Até parece que a cozinha e o banheiro fazem parte de outro apartamento...


melhor vista da cozinha

quase não dá pra ver de tão pequeno, mas esse é o banheiro: pia de um lado, ducha do outro

Mas fico pensando que se tudo fosse perfeito, eu não poderia pagar pela 'casinha'. Outro ponto super positivo dela é o preço, o menor que vimos até agora e muito barato pra área.

Vamos ao balanço pra como ela fica:

Localização
3
Acabamento
2
Cozinha espaço bom 1,5
Banheiro minúsculo 1
Varanda jardim! 2
Banheira não 0
Máquina de lavar louça não 0
Espaço interno 50m2 3
Melhor do apto Localização e jardim
Pior do apto Banheiro
Preço 680€ (uns 750€ inclusive) 3
# meses de calção 1 mês 2
Total
17,5

Não tiramos fotos, Naza fez um video que não ficou legal. Então as fotos daqui são do site que não valorizam o apartamento. Minha idéia é ir lá amanhã de novo pra ver com mais calma. Quem sabe indo de novo ajuda a ter certeza e bater o martelo. Vou tentar aproveitar e fazer umas fotos mais bonitas. Se alguém tiver alguma opinião sobre ele, ficarei feliz em saber.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Aquele na Kruisstraat

Existe um site na Holanda chamado Marktplaats, onde você encontra de tudo pra vender, alugar, dar... Antes de ontem eu vi um apartamento no site, que eu até achei caro pro lugar onde fica, mas parecia bom o suficiente. Liguei ontem pro telefone lá do site e o senhor me falou pra eu ir visitar o apto entre 20:30 e 21:00. Massa, não dá tempo de ir pra natação hoje, mas vou lá dar uma olhada. Aí descubro que é o apto vizinho ao de uma colega da universidade. Falei com ela, que me chamou pra passar na casa dela quando fosse visitar o apto.

o prédio visto da Kruisstraat

ali são as entradas dos apartamentos

20:30 em ponto estou na frente do prédio. Antes de mim um casal aperta a campainha, aí subimos juntos e pensei 'vou logo lá visitar Gamze enquanto eles olham e daqui a 15 minutos eu volto'. Nesse tempo, vi o apto de Gamze - que é quase idêntico ao outro - converso um pouco e vou lá 15 minutos depois. Não é que eu levei um 'sorry, o apto acabou de ser alugado pra outra pessoa, você chegou tarde demais!'.

Hunf, hunf, hunf! Meu primeiro pensamento foi 'porra, perdi a natação pra nada!'. Mas até que não, foi bom ter visto o apto de Gamze. Cheguei à conclusão que o primeiro apto que visitei - aquele da Kleine Berg - é pequeno demais. Acho que o que eu preciso mesmo é de um lugar separado e uma sala um pouquinho maior que aquele. O tamanho do de Gamze, por exemplo, está ótimo. Acho que são uns 50m2.


Termino infelizmente sem 'tabelinha de pontuação', como bem disse Fernando, mas com mais certeza do que a gente quer.

E pra quem quiser entender melhor onde esse apartamento fica:


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Kleine Berg, 24

Visitei o primeiro apartamento hoje pela manhã. Como a área onde eu quero morar não é muito grande, as opções não são muitas, então corri pra visitar logo o primeiro apartamento. Achei na internet e é com uma imobiliária que nunca ouvi falar, mas pelo menos a mulher não cobrou nada.

Esse fica na Kleine Berg, uma rua bem legal, cheia de restaurantes bacanas, lojinhas bonitinhas e a melhor loja de linha/costura da cidade (olha a má intensão!). O prédio é novo, contruído em 2008, e fica por trás da casa alinhada com a rua, ou seja, 'dentro' do quarteirão. Portanto, um lugar tranquilo e silencioso, ainda mais que a rua é de tráfego moderado (quase não passa carro).


vista da rua

o prédio

Vamos aos detalhes do apartamento: O acesso é por esse corredor externo aberto (ruim). A porta abre na área destinada ao quarto (pior ainda). O apartamento é quase um estúdio em forma de 'U' onde em uma perna do 'U' tem a sala e na outra o quarto. A área da sala tem uns 20m2 e a do quarto tem uns 15m2. Segundo a imobiliária, o apto tem um total de 40m2, mas acho que tem mais um pouquinho.

a partir da sala: cozinha e quarto ao fundo

a sala

A cozinha é perfeita, tudo novinho, bonitinho e com tudo que precisa, inclusive um forno/microondas e uma máquina de lavar louças. O banheiro também é bem legal, só não é perfeito porque não tem banheira, mas é muito bonitinho. O apt não tem varanda e um grande defeito é que não existe separação entre o quarto e o resto da sala, o que significa que tudo que se cozinhar vai incensar na casa.

a cozinha

o banheiro

Saí de lá me perguntando se eu me vejo morando lá, acho que não, mas essa é uma boa opção, mas não é ainda a melhor de todas (como se a gente tivesse visto muitos já). Ainda tem tempo e muitos outros pra visitar.

Balanço:

Localização
3
Acabamento
3
Cozinha tem tudo 3
Banheiro falta banheira 2
Varanda não 0
Banheira não 0
Máquina de lavar louça sim 1
Espaço interno 40m2 1
Melhor do apto Localização e acabamento
Pior do apto Entrada pelo quarto
Preço 725€ (uns 800€ inclusive) 2
# meses de calção 2 meses 1
Total 15

Caça ao apartamento

Depois de uma maratona de visitas, com direito a férias maravilhosas, tenho muita coisa pra trazer pro Kilariô. Mas, outras coisas tomaram a prioridade na minha vida, além do meu doutorado - que está milagrosamente numa fase boa – temos que achar um apartamento em Eindhoven.

Pros que não sabem, eu não moro na cidade que trabalho, eu moro em Breda que fica uns 70 km de Eindhoven (a danada onde trabalho), o que pode ser traduzido em 40 minutos de trem pra ir e voltar todo santo dia de trabalho. Por motivos diversos, vamos nos mudar pra Eindhoven. Então uma nova maratona começa: a caça ao apartamento.

Minha idéia é de postar esse processo, e nesse primeiro 'post', deixa eu explicar pra vocês quais as nossas condições e o que a gente precisa.


Localização

Pra quem não conhece Eindhoven, essa é Eindhoven:


Mas o que interessa mesmo dela é essa parte aqui:


Explicando um pouco mais, o principal ponto de referência é a estação de trem central. Logo ao norte fica a TU/e, ou seja, onde eu trabalho. E logo ao sul fica o centro da cidade. Nós pensamos em duas condições básicas sobre onde o apartamento deve ser: 1) ficar dentro do 'ring' de Eindhoven; 2) seria perfeito se fosse na área da [rua] Kleine Berg (que é uma área cara, mas adoramos e estamos dispostos a pagar um pouco mais pra morar por lá).



Quanto dói no bolso

O novo apartamento tem que ser um bocadinho (ou um bocadão) mais barato que o de Breda. Mas, como eu sou exigente, eu sei que vai dar trabalho. Então definimos que o ideal é não pagar mais de 750€ por mês contando com água, energia e gás. Mas, pra morar na região da Kleine Berg, a gente sobe esse limite pra 850€.


Tamanho

Eu sou pequeninha mas gosto de tudo grande!
Meu sonho é encontrar um apto com dois quartos dentro do orçamento. Mas eu sei que só é possível se eu morar fora do ring. Nesse caso, a localização conta mais e eu fico bem feliz com um apto de um quarto. Sendo que, eu já tenho os móveis que foram comprados pra um apto de 100m2, então o novo apto tem que ser pequeno e espaçoso, se é que isso é possível.

Em termos práticos, uns 50m2 tá de bom tamanho. Principalmente se a sala for grandinha pra caber bem a mesa, o sofá, a(s) estante(s) e ainda a mesa de trabalho. Acho que a superfície mínima confortável é 40m2.


Os detalhes que fazem a diferença

Pra que simplificar se podemos complicar?
Outras coisinhas que seria muito boas ter no apto: varanda, banheira e máquina de lavar louça (eu sou enxerida, eu sei). Então os apartamentos que tiverem um dos três pontuam mais.
E uma coisa que eu não queria, é que o piso fosse de carpete. Pra aceitar o piso em carpete o apto tem que pontuar muito nas outras características.

Aí se você está se perguntando onde eu vou achar o apartamento, o que não falta é imobiliária nessa Holanda. O problema é que algumas pedem pra pagar um taxa pra poder visitar os apartamentos, outras não. Mas pra ajudar um pouquinho, existe um site chamado pararius que reúne a maioria dos aptos disponíveis num lugar só. E daí eu sei mais ou menos pra que imobiliária eu devo ir.

Eu já tenho algumas visitas agendadas e depois das visitas vou colocar aqui umas fotos o que eu acho dos apartamentos. É um processo chato e trabalhoso, mas tomara que eu me divirta um pouquinho.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ik spreek geen nederlands!

Quando eu falo pras pessoas que eu tou aprendendo holandês, muitas me perguntam 'por que? Se todo mundo fala inglês?' É verdade que a grande maioria das pessoas fala inglês, li em algum canto que 75% da população do país fala inglês. Mas, viver por muito tempo (= mais de 6 meses) em um país onde você não entende bulhufas, são outros quinhentos.

meus livros de holandês e outros

A vida complica por não falar holandes por causa tanto de coisas mais simples, como pegar um ônibus, quanto de coisas mais complicadas, como alguns setores públicos que só podem falar holandês. Por exemplo, toda carta que chega lá em casa é em holandês: contas de água, luz e telefone; folha de pagamento; impostos; iptu; e o que mais você imaginar. Aí de repente chega uma conta de 200€ pra pagar, e você fica 'por que danado eu tenho que pagar isso?' Viva o google translate que ajuda nessa hora, mas ninguém merece ficar digitando não-sei-quantas cartas pra entender o que é.

E o cinema? Claro que é tudo legendado em holandês (ainda bem que legendado e não dublado). Tem um cinema em Breda muito legal, o chassé theatre, que passa filme de tudo quanto é canto do mundo. Mas, infelizmente, a gente tem que ficar no circuito inglês-espanhol-português (quando, uma vez a cada quatro anos, que nem copa do mundo, tem filme em português). Ah, mas um dia a gente foi assistir um filme brasileiro - Terra Vermelha - felizes da vida, sendo que o danado era sobre os índios da Amazonia e pelo menos 70% do filme era numa língua indígena lá. Pomporom.


Outras milhões de situações constrangedoras/engraçadas por não falar holandês eu passo sempre no trem . Claro que por pegar o trem quase todo dia aumenta substancialmente a probabilidade dessas situações acontecerem. É super normal o trem parar no meio do nada, o controleur avisar apenas em holandês o que está acontecendo, e eu ficar com a maior cara de tacho sem saber se o motorista teve um ataque cardíaco, se o trem atropelou alguém ou se é apenas um trem devagar na frente da gente. O que acontece muito também é as pessoas perguntarem o que eu estou fazendo quando me veem fazendo crochê, uma vez um controleur até sentou comigo e me ensinou como dizer trichot, cachecol e outras coisas em holandês (nem me pergunte como é que eu já me esqueci!). Mas o melhor foi num dia que o trem pifou e tivemos que pegar um ônibus. Um empurra-empurra danado, até que eu consigo colocar minha bicicletinha no bagageiro do ônibus (pois, justo nesse dia eu tava com minha bicicleta dobrável). Sendo que depois que eu coloquei a bicicleta, perigou eu não conseguir entrar no ônibus (situação agravada pelo meu metro-e-meio de altura). Até que um menino que colocou a mala do lado da minha bicicleta falou alguma coisa pro galego que tava controlando a entrada no ônibus. É lógico que não entendi uma palavra, mas gritei logo 'ik ook!' [eu também] e entrei logo depois do menino. Hehehe.


Meu básico holandês me salva um bocado. E mesmo que até agora ele não tenha evoluído o quanto eu queria, é uma sensação incrível poder entender pouco do que o povo fala e se virar minimamente quando preciso.


Pesando os pros de saber a língua e os contras que é aprender - porque ô língua danada de difícil de aprender, ela simplesmente não entra na minha cabeça, não é nem a gramática, isso a gente aprende, é o vocabulário que eu não consigo nem a pau memorizar. Acho que compensa entender o máximo possível, por isso vou continuar tentando, vamos ver até quando eu vou insistir. (Comecei o terceiro semestre do holandês, o advanced, mas meu holandês não tá nada advanced ainda :P).


Enfim, se você não quiser ser um alienado no país, você tem que entender um mínimo da língua local. Ao menos que você esteja tranquilo vivendo numa bolha. Mas eu quero mais e mais entender e evitar uma frasesinha ainda muito recorrente: ik spreek geen nederlands!



Pra vocês terem uma idea de como é o holandês (no fim é um video de um site que 'ensina' holandês, o taalklas.nl):

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Ahh, o verão...

Uma das minhas grandes preocupações nessa minha vida temporária na Holanda sempre é o frio. É claro que aqui tem as 4 estações do ano, mas o verão passado foi tão mixuruca que não deu pra reabastecer a bateria de calor. Resultado: sofri muito mais quando o inverno chegou e me preocupei com os três anos que vêm pela frente.





Esse ano não. Finalmente o verão nos países baixos está descente. Nos últimos dias me espantei com a temperatura de Breda e Eindhoven comumente mais alta que em João Pessoa.
Esse verão tá quente, pegando fogo. Do naipe de dar 32 graus dentro de casa, precisar dormir com a janela aberta, sair por semanas seguidas de saia sem meia-calça, tirar o mofo de todas as blusinhas de alcinha e querer só ter sandálias em vez de tênis. Parece uma celebração da vida, coisas tão banais pra quem vive perto da linha do Equador são celebradas durante esses três meses do ano (tomara mesmo que dure três meses). São várias as delícias de um verão quentinho: 1. Poder sair com as canelas de fora. Bom demais usar uma saia sem meia-calça. A pele respira depois de tantos meses debaixo de tanta camada de roupa. Além do que, você se veste muito mais rápido e é muito mais fácil escolher que roupa usar porque você não tem que pensar em 5 peças de roupas diferentes que combinem e estejam limpas.

2. Poder deixar as janelas de casa abertas. Pelo menos por alguns meses a casa não fica com cheiro de guardada, ou pior, cheiro do jantar de ontem.

3. Secar roupa no sol. É incrível a diferença que faz entre uma roupa secada na máquina de secar e uma secada no sol. A roupa fica com um cheiro bom, psicologicamente eu penso que está mais limpa e eu ainda me sinto mais ecologicamente correta.

4. North Sea Jazz Festival. O festival mais legal que fui na minha vida acontece todo verão em Rotterdam. Esse ano foi muito melhor com a temperatura perto dos 30 do que no ano passado quando era difícil ficar na parte externa do festival. Mas independente de temperatura, essa é uma das maravilhas de estar nas Zoropa: acesso à cultura.

5. Comportamento das pessoas. Outra coisa espantosa é o quanto as pessoas mudam no verão. Todo mundo fica sorridente, vai pra rua, fala mais com estranhos. Parece outra vida que elas levam.

6. Sorvete, muito sorvete. Fica tão mais gostoso tomar um sorvete quando tá quentinho! E ainda mais com a sorte que a gente tem de ter um 'friberg' e uma 'friandize' em Breda (ou seja, duas sorveterias muito boas).

7. Silêncio na universidade. A grande maioria das pessoas da universidade entra de férias. Por dois meses é o melhor lugar do mundo pra trabalhar.

8. Jantar na varanda de casa. Especialmente quando o pôr do sol está bonito. Tem dia que o céu fica lindo! Tem uma cor que parece o Marrocos, as nuvens são diferentes e geralmente somos presenteados com balões passando perto da nossa laje.

9. Andar de bicicleta no calor. Tem gente que reclama que andar de bicicleta no calor é ruim, mas eu garanto, é muito melhor do que no frio. Pelo menos não dói. Ainda tem aquele ventinho gostoso...

10. Tomar banho frio
. Calor de 30 graus, sem um pingo de vento, como é gostoso tomar um banhozinho frio e colocar um vestidinho fresquinho.

11. Os trens. Ficam vazios, vazios. Qualquer hora é tranquilo pegar trem, você não precisa ficar adiando sua volta pra casa pra poder pegar um trem mais vaguinho.

12. Ir pro parque, tomar banho de sol e ficar curejando a vida do povo.






Mas, como nem tudo são tulipas, também tem coisa chata pra caramba:

1. Gente fedendo. Tudo bem que aqui tá longe de ser como na França, mas você ainda encontra pessoas com aquele cheirinho de inhaca. Talvez eles também acreditem que banho demais faz mal (os franceses têm essa teoria, existem exceções claro).

2. Mulher com sovaco cabeludo. E com que cara você fica quando percebe que aquela sua colega de trabalho não depila as axilas? Bom, essa história aconteceu com um amigo e não comigo, mas eu fiquei imaginando como eu iria reagir. Acho que iria ficar dizendo pra mim mesma 'É normal, não é feio, não fique olhando', mas queria não passar por isso.

3. Ar condicionado mais frio do que precisa. Não é só nos ônibus da real ou no cinema box, aqui eles também usam o ar condicionado com a gota serena no negativo. Aí você sai toda feliz porque finalmente tá conseguindo usar aquele vestido que comprou no verão passado, mas fica morrendo de frio. Eu já aprendi: tenho uma manta na universidade pra poder usar o vestido e não congelar. Mas eu odeio a temperatura do meu prédio da universidade.

4. As festas dos vizinhos. Em geral nossos vizinhos são bem simpáticos, mas gosto musical fica infelizmente tá longe de simpatia. Festa no verão o povo faz nos terraços de casa, e os terraços de dois vizinhos nossos dão pra nossa janela do quarto. Ficamos com duas opções: escutar a danada da música alta do vizinho + as risadinhas da galera, ou dormir com a janela fechada cozinhando dentro. Ainda bem que um dos vizinhos chama a gente pras festas. A melhor solução que temos é fazer mais amizade com o outro.

5. Tudo fecha. A cantina lá da universidade, os departamentos do governo, algumas lojas, tudo fecha. Aposto que se você ficar doente, tem que esperar até setembro pra ser atendido (brincadeira).

6. Pegar o trem com as pessoas com roupa de banho, indo pra praia, enquanto você tá indo trabalhar. Ninguém merece!

Não é novidade que pra mim o verão tenha muito mais coisas boas que ruins. De qualquer forma, como afirmei em um 'post' passado, é bom estar vivendo as quatro estações do ano, principalmente quando elas são bem definidas. Desse jeito, fica mais fácil a temporada nas terras baixas. Além disso, como estava conversando com Daniel um dia (um amigo brasileiro), imagina se fosse assim [verão] sempre, não iria caber de gente querendo morar aqui.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Socorram-me subi no ônibus em Marrocos

Ainda no avião da Air Maroc dava pra ter uma ideia do choque holanda-marrocos que iríamos viver durante a viagem: várias mulheres de véu, comida boa e uma estranha abordagem no jornal marroquino em francês. Nele tinha uma matéria de três páginas apoiando a implementação da educação sexual nas escolas marroquinas. Um nível de discussão que eu só imagino existir num Brasil de lá pelos anos 60.

Desembarcamos em Marrakesh depois de uma escala em Casablanca. A primeira lembrança que eu tenho, depois do lindo aeroporto é da bagunça do trânsito, da quantidade de bicicletas misturadas com motocicletas e com os carros. A segunda imagem mais marcante são as cores, ou melhor, a cor, tudo é terracota: as casas, as ruas, o pôr-do-sol, o deserto: é uma cor única e linda (pros meninos que não sabem a diferença entre roxo e lilás, terracota é aquela cor de telha, tipo um vermelho fubento). A cidade encanta de qualquer esquina que você olhe, aliás o país inteiro, são paisagens naturais, contrastes urbanos, luz intensa e calor gostoso.



A viagem inteira totalizou 7 dias, 2 cidades, algumas centenas de quilômetros percorridos, varias cidadezinhas e um pouco de deserto do Saara (Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô). Miriam, nossa amiga marroquina, compara Marrakesh com Salvador. Ela é de Rabat, a Brasília marroquina, e como a gente, se sentiu viajando pelo Nordeste do Brasil - o que pra mim, depois de um ano em terras européias, foi como voltar pra casa. E como 'essa volta' me fez bem!


Marrocos é religião forte, é povo supersticioso, de bem com a vida, sorridente. Povo que também faz de tudo pra conseguir o ganha pão, que explora os turistas da mesma forma que em Salvador, que canta, que dança, que não tem pressa e quer agradar.



O maior ponto de diferença das nossas gentes é o mesmo que traz semelhanças incriveis: a religião. Sempre vem um graças a Deus (hamdu lillah) depois de um 'tudo bem?'; um se Deus quiser (inshallah) depois de uma afirmação positiva. Os mulçumanos tomam vários banhos ao dia, comem tudo bem doce e vira seu melhor amigo em 5 minutos. Mas a religião traz também grandes diferenças: ambos homens e mulheres usam roupas bem cobertas, independente da temperatura. As mulheres, principalmente, têm um comportamento reservado, comportamento esse que é interessantemente refletido na arquitetura, principalmente nas residências, que são completamentes voltadas para o seu interior.


Falando em arquitetura, teve uma coisa que me chamou muita atenção: as grades. Toda janelinha tinha uma danada de uma grade, não por segurança que é um dos lugares mais tranquilos que eu já fui, eu acho que é uma involução das antigas treliças de madeira (?)... talvez. Sendo que quem me conhece bem sabe que eu odeio grades. E continuo odiando. Mas as danadinhas lá, naquele contexto, eram essenciais pra paisagem. As casas às vezes nem eram bonitas, mas do jeito que elas estavam ali, com o contexto do entorno, me fez aceitá-las, com grade e tudo. E comecei a realizar que é injusto eu achar Mangabeira, Valentina ou o Cristo feios. Aquilo é tão único do Brasil, de uma certa classe social, que não é justo a gente querer que se pareçam com a orla de Cabo Branco. Porque o contexto do bairro e das casa dali é vida, são os gostos das pessoas que moram ali, o que eles acham certo e o que eles podem pagar. No final, esses bairros da zona sul são muito mais autênticos que um plágio barato (e talvez bonito) de Sandra Moura*.



No voo de volta, o mesmo jornal que a gente leu na ida tinha uma matéria extensiva sobre masturbação. Por incrível que pareça, apoiando completamente a prática. De toda forma eu voltei pra Holanda encantada, com gostinho de quero mais - fazendo planos pra voltar no fim do ano, feliz com meu aprendizado e com minha nova forma de ver o Brasil, e me perguntando 'o que muléstia de uma figa eu tou fazendo na Holanda?


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* Independente de estética, é claro que é preciso garantir que bairros e residências tenham conforto térmico, acústico e visual. Mas isso é uma conversa longa, talvez eu volte a isso por aqui um dia.